Ely de Azambuja Germano (1901–1991) o dentista que virou referência no ex-librismo brasileiro
- exlibrisbrasil2020
- 25 de out.
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Por Mary Komatsu*
No Dia do Dentista, celebrado em 25 de outubro, destacamos a trajetória singular de Ely de Azambuja Germano (1901–1991), um profissional que ultrapassou os limites do consultório para se tornar um dos mais importantes colecionadores de ex-líbris do Brasil.
Nascido em Rio Grande (RS), Ely formou-se em Odontologia em Pelotas e, a partir de 1928, estabeleceu-se em Curitiba, onde exerceu a profissão até 1951. Paralelamente à carreira na área da saúde, teve intensa atuação cultural. Foi um dos fundadores do Foto Clube do Paraná e dedicou-se ao colecionismo, reunindo selos, moedas, medalhas, fotografias, autógrafos e, sobretudo, ex-líbris, sua maior paixão.
Ao longo de 60 anos, Ely reuniu um acervo notável de pequenas obras-primas gráficas, fruto de pesquisa constante, intercâmbio com outros colecionadores e olhar apurado. Sua coleção foi exibida ao público apenas duas vezes, durante o governo de Bento Munhoz da Rocha, e rapidamente tornou-se referência nacional no estudo e na preservação dos ex-líbris.
Em 1981, sua coleção foi adquirida pela Biblioteca Pública do Paraná (BPP), graças ao apoio financeiro de instituições bancárias do Estado e à colaboração do historiador David Carneiro. Trata-se da única coleção do gênero existente no Paraná, composta por aproximadamente 2.500 ex-líbris, nacionais e estrangeiros, incluindo peças vinculadas a personalidades paranaenses.
Tive a oportunidade de conhecer esse acervo pessoalmente em 2019. Entre as raridades, destaca-se um ex-líbris de Diogo Barbosa Machado, datado de 1730 e gravado pelo flamengo Frans Harrewyn, uma joia da arte gráfica europeia. Ely também deixou listagens com a identificação e descrição de cada peça, demonstrando rigor documental.
Atualmente, a coleção integra a Sala de Obras Raras da BPP e está organizada em seis categorias: tipográficos, comemorativos, alusão heráldica, instituições, simbólicos e paranaenses. Em 2005, um projeto de conservação permitiu a higienização e revitalização do acervo, incluindo a confecção de passe-partout personalizados, diferenciados por cores, um sistema que facilita a pesquisa e contribui para a preservação. Cada item encontra-se acondicionado em mobiliário especialmente projetado para sua guarda, garantindo proteção e longevidade.
Ely de Azambuja também deixou sua marca no ex-librismo com um ex-líbris pessoal, desenhado em 1953 pelo renomado artista e ex-librista Alberto Lima.
Hoje, celebramos não apenas a memória de um dentista dedicado, mas também a de um colecionador apaixonado, cuja atuação foi decisiva para a história do ex-líbris no Brasil. Seu legado permanece vivo, protegido e acessível às futuras gerações.
Fonte: EX-LIBRIS: Coleção Biblioteca Pública do Paraná. Curitiba: Imprensa Oficial, 2002.
*Mary Komatsu - Bibliotecária e administradora do canal Caçadora de Ex-líbris.
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