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Ex-líbris e a memória de uma técnica no século XXI

Por Márcia Della Flora Cortes*

Desde a sua origem, o livro acompanha as transformações sociais e culturais pelas quais a sociedade passa. Os suportes evoluíram e o ex-líbris não poderia deixar de acompanhar tais mudanças uma vez que o desejo de posse independe do formato, seja e-book ou um livro impresso, por exemplo. Hoje, temos a arte digital e vários recursos estão à disposição dos artistas para dar beleza e qualidade aos ex-líbris eletrônicos. Entretanto, em minha opinião, a materialidade do ex-líbris e o saber fazer desse objeto envolvem uma prática cultural e social, e ainda a memória de uma técnica que tradicionalmente é realizada de forma artesanal. Justamente por ser produzido por técnicas de gravuras os ex-líbris são considerados, por alguns autores, como obras de arte em miniatura, preciosidades com muita graça, qualidade artística e beleza.


Espero que no século XXI, o formato digital instigue a busca pelo ex-líbris impresso e original para que se cultive cada vez mais o apreço pelo livro tradicional, tanto em sua forma quanto conteúdo. O livro impresso, na era digital, torna-se cada vez mais autêntico e escasso, e em decorrência, o ex-líbris torna-se ainda mais simbólico. Por ser uma forma cultural de memória, o ex-líbris pode ser melhor expressado no meio impresso visto que pode explorar as diversas possibilidades da arte da gravura. Diferentemente de um ex-líbris eletrônico, por exemplo, o impresso pode ser tocado, cada detalhe é uma informação, inclusive o papel.


*Márcia Della Flora Cortes - Graduada em Biblioteconomia pela Universidade Federal de Rio Grande, Mestre em Patrimônio Cultural pela Universidade Federal de Santa Maria, Doutoranda em Memória Social e Patrimônio Cultural pela Universidade Federal de Pelotas; RS.

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