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Maison Stern: a Casa de gravura que deixou sua marca em livros e na história do ex-librismo

  • exlibrisbrasil2020
  • 18 de jul.
  • 3 min de leitura

Por Mary Komatsu*


Ao longo do século XIX, Paris foi o berço de grandes ateliês de artes gráficas. Entre eles, destacou-se a Maison Stern, uma casa de gravura que atravessou gerações e fronteiras, produzindo trabalhos memoráveis, entre eles, ex-líbris de brasileiros ilustres como o cientista Oswaldo Cruz.


Maison Stern, Paris
Maison Stern, Paris

Origens e consolidação em Paris

A história da Maison Stern começou em 1836, com a fundação da Maison Stern et Aumoitte. O jovem gravador Moïse Stern associou-se a Monsieur Aumoitte, e não demorou para que Stern assumisse sozinho o comando da casa, por volta da década de 1850.

Em 1849, Stern instalou-se em um conjunto de pequenos espaços na charmosa e movimentada Passage des Panoramas, em Paris. Foi ali que ele viveu e trabalhou, transformando o local em uma referência em gravura artística.

Com o tempo, a reputação da Maison Stern só cresceu. Na década de 1890, René Stern, filho de Moïse, passou a integrar o negócio, que passou a se chamar Stern et Fils. Em 1904, René assumiu a direção e manteve o prestígio da casa, atendendo uma clientela de alto nível: o Palácio do Eliseu, diversas embaixadas, membros da nobreza francesa e importantes empresas europeias e internacionais.


O fim de uma era e o reconhecimento oficial

Em 2008, a Maison Stern deixou a histórica Passage des Panoramas e passou a funcionar na rue du Faubourg Saint-Honoré, 131, no 8º arrondissement de Paris. Esse momento marcou o encerramento de uma fase simbólica para a história das artes gráficas na cidade.

No ano seguinte, em 10 de julho de 2009, o governo francês reconheceu oficialmente a importância da antiga loja da Maison Stern: por meio do decreto n.º 2009-899, os quartos 1, 2, 4 e 5 da loja, com toda a sua decoração original  foram registrados como monumentos históricos.


Ex-líbris e seus clientes ilustres


Ex-líbris de Maurice Guibert. Desenho de Toulouse Lautrec. Gravado por Stern.
Ex-líbris de Maurice Guibert. Desenho de Toulouse Lautrec. Gravado por Stern

Mais do que impressos comerciais, a Maison Stern notabilizou-se por criar ex-líbris artísticos, com riqueza de detalhes e traços personalizados. Um exemplo curioso é o do artista Henri de Toulouse-Lautrec, cuja caricatura de Maurice Guibert foi transformada em ex-líbris pela casa.

Além disso, a Stern produziu ex-líbris para uma série de intelectuais brasileiros, entre os quais: Antonio Fernandes Figueira, Amadeu Saraiva, Brienne Feitosa, Jerônimo Ferreira das Neves, Mello Rezende e Alfredo Pujol.

A casa também foi responsável pelos ex-líbris de instituições como a Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ) e personalidades como Oswaldo Cruz, cuja encomenda data de 1911.


O ex-líbris de Oswaldo Cruz: arte, símbolo e memória

O ex-líbris de Oswaldo Cruz, criado pela Stern Graveur, é considerado uma peça de grande valor simbólico e estético. A imagem  repleta de referências visuais à ciência, à medicina e à sua trajetória  foi amplamente utilizada pelo cientista para marcar os volumes de sua biblioteca pessoal.


Ex-líbris de Oswaldo Cruz.
Ex-líbris de Oswaldo Cruz.

Como observou o pesquisador Manuel Esteves em sua obra sobre o ex-librismo brasileiro, essa peça representa um dos marcos mais significativos da união entre identidade pessoal e expressão gráfica no Brasil.


Um novo capítulo: do ateliê à gastronomia

Após reformas e restaurações, o espaço histórico da Passage des Panoramas foi revitalizado e reaberto em 2014 como o Caffè Stern, um charmoso café-bistrô italiano que preserva parte da atmosfera original do antigo ateliê. Hoje, o local une a tradição do passado com o espírito contemporâneo da cena gastronômica parisiense, mantendo viva a memória da Maison Stern.

 

Referências


​BERTINAZZO, Stella Maris de Figueiredo. Ex libris: pequeno objeto do desejo. Colab. De Sara Seilert, Simone de Oliveira Matos, Rosangela Roosevelt. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 2012.

CATÁLOGO  Marcas de Oswaldo Cruz: proveniência, propriedade e circulação no Patrimônio Cultural Científico da Fiocruz. Rio de Janeiro: FIOCRUZ, 2023. 114 p., il color.

ESTEVES, Manuel. O Ex-libris. 2 ed. Rio de Janeiro,Laemmert, 1956.

PALHARES, Márcia M. O ex-libris e a xilogravura como possibilidades de exploração no ensino de Artes Visuais. Belo Horizonte, Escola de Belas Artes da UFMG. 2015. 

SILVA, Alberto Costa e.; MACIEL, Anselmo, org. O livro dos ex-líbris. Rio de Janeiro: Academia Brasileira de Letras; São Paulo: IMESP, 2014.

Passages des panoramas: Maison Stern. Disponível em:  https://passagepanoramas.canalblog.com/archives/2011/07/15/21612418.html?utm_source



*Mary Komatsu - Bibliotecária e administradora do canal Caçadora de Ex-líbris.

 

 

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